28.3.11

piano.


estou há aproximadamente meia hora, com a mesma música a reproduzir. a música é apenas um piano, a tocar uma melodia perfeita que me remete a uma tristeza profunda, em que me afogo nas minhas próprias lágrimas. sim, porque às vezes, também eu sinto necessidade de chorar sem motivo, também eu sinto vontade de estar sozinha durante um tempo, para por as ideias em ordem. mais vale afogar-me a mim, sozinha, do que arrastar alguém comigo, envolvendo essa pessoa nos meus problemas existenciais, cuja solução até pode estar bem debaixo do meu nariz.
às vezes pergunto-me se aquilo a que as pessoas denominam de sorte, é algo que existe mesmo, ou é apenas uma "coisa" que inventaram para nos elevar o ego, e termos esperança em algo. sim, porque há dias em que me sinto sem a tal "sorte", e às vezes pergunto-me se não será tudo uma ilusão. preferia que a vida fosse menos misteriosa, e que me desse resposta a todas as minhas questões.
eu gostava de saber se a minha felicidade é algo imaginário ou algo real, e se o for, se vai durar o tempo que gostava que durasse; gostava de saber se a amizade é algo apenas de adolescentes, ou se é algo capaz de crescer cada vez mais e permanecer "para sempre".
eu queria sentir-me feliz durante longos anos, bem como queria ter os meus amigos sempre perto de mim... embora que, há dias em que me pergunto se aqueles a quem chamo de "amigos" o são realmente.
quando comparo o meu passado com o presente, vejo aqueles que passaram e só ficaram comigo durante um curto espaço de tempo... e pergunto-me se daqui a uns anos, isso não irá acontecer. os meus pais dizem que é a lei da vida, mas porquê? porque é que as pessoas não nos podem ser próximas e fiéis durante muito tempo? porque é que as pessoas são tão inconstantes, e nos magoam? porque é que essas mesmas pessoas já disseram amar-nos, disseram ser merecedores de nós, e passam a ignorar o passado, só pensando em si mesmas?
eu sei que ninguém deve viver preso ao passado, e viver em prol do futuro, mas... o passado ensina-nos coisas, dá-nos conhecimentos, faz-nos crescer... se ignorarmos tudo isto, é como se as vivências não nos tivessem servido de nada.
 a amizade não deveria ser apagada, nunca. mas, eu olho à minha volta, e vejo tão pouco. as pessoas banalizam completamente a palavra "amo-te", dizem-na inconscientemente, tornam-na tão vulgar... para um dia mais tarde se esquecerem do que disseram e do que fizeram. é uma infantilidade usar as palavras quando não sabemos o seu verdadeiro significado realmente. e do que eu estou mesmo farta, é disso. de ouvir "eu amo-te" e saber que não é verdade! saber que um dia vou perder essa pessoa. saber que um dia já nada vai ser igual.
para quê amarmos alguém que sabemos que se vai embora na próxima estação? para quê entregarmo-nos a alguém que não reconhece o nosso verdadeiro valor?
estou farta! estou sinceramente farta de me sentir assim. 
dizem que quem ama prova-o, não tem medo de o fazer. olho à minha volta e a única pessoa que provou algo, sem medo de nada, fui eu. eu, e só eu.

1 comentário: